Introibo ad autare Dei! Deus te ama, sê bem vindo!

OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E SUAS INFLUÊNCIAS VISTAS PELO OLHAR DA SOCIEDADE

05-11-2010 12:56

 

Boa noite a todos, digníssimos membros da mesa, senhores e senhoras, professores, alunos e demais que aqui se fazem presente! Em princípio, quero cumprimentar o Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias desta Universidade pela promoção do presente evento.

Sabemos que “a comunicação foi uma forma de sobrevivência e constituição dos seres humanos, desde os tempos primitivos. Os modos de comunicar foram surgindo e se modificando ao longo do tempo: gestos, sons, imagens, palavras, registros gráficos manuscritos, depois, industrializados e digitalizados. Desde o grito, as inscrições nas cavernas até o satélite, a cada dia surgem novas tecnologias com ferramentas e como poder na comunicação”[1]. É salutar o nosso desejo em conhecer e acompanhar todo esse progresso

Representando a Igreja Católica não ousaria falar por mim mesmo, mas proponho uma breve análise ao Decreto Inter Mirifica, fruto do Concílio Ecumênico Vaticano II, ocorrido entre 1962-65, sob o pontificado de Paulo VI, que embora da década de 60, percebemos a visão profética da Igreja, que lá atrás já se atentava para questões tão atuais e pertinentes em nossa sociedade.

Importância dos meios de comunicação social

A santa Igreja acolhe e fomenta aquelas invenções da técnica que abriram novos caminhos para comunicar facilmente notícias, ideias e ensinamentos. Invenções estas que, por sua natureza, podem atingir e mover não só cada um dos homens, mas também as multidões e toda a sociedade humana, como a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão e outros que, por isso mesmo, podem chamar-se, com toda a razão, meios de comunicação social.

Relação com a ordem moral

A Igreja sabe que estes meios, retamente utilizados, prestam ajuda valiosa ao gênero humano, enquanto contribuem eficazmente para recrear e cultivar os espíritos, mas sabe também que com o seu mau uso, se têm infligido, com demasiada frequência, muitos danos à sociedade humana.

A Igreja e os meios de comunicação social

 A Igreja católica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo para levar a salvação a todos os homens, e por isso mesmo obrigada a evangelizar, considera seu dever pregar a mensagem de salvação, servindo-se dos meios de comunicação social, e ensina aos homens a usar retamente estes meios.

Assim, compete aos fiéis leigos vivificar com espírito humano e cristão estes meios, a fim de que correspondam à grande esperança do gênero humano e aos desígnios divinos.

Normas para o seu reto uso

Para o reto uso destes meios, é absolutamente necessário que todos os que se servem deles conheçam e ponham fielmente em prática, neste campo, as normas da ordem moral. Considerem, pois, as matérias que se difundem e tenham em conta todas as circunstâncias ou condições, (o fim, as pessoas, o lugar, o tempo e outros fatores) mediante os quais a comunicação se realiza e que podem mudar ou alterar inteiramente a sua bondade moral.

Formação de uma consciência reta sobre a informação

É necessário, sobretudo, que todos os interessados na utilização destes meios de comunicação formem retamente a consciência acerca de tal uso, em especial no que se refere a algumas questões como: obtenção e divulgação das notícias, as relações que medeiam entre os chamados direitos da arte e as normas da lei moral.

Justiça e caridade na formação da opinião pública

Sabemos que a opinião pública exerce hoje uma poderosa influência em todas as ordens da vida social, pública e privada, assim a Igreja crê ser necessário que todos os membros da sociedade cumpram os seus deveres de justiça e de caridade também nesta matéria e, portanto, que com o auxílio destes meios, se procure formar e divulgar uma reta opinião pública.

Deveres dos destinatários

Aos destinatários da informação a Igreja ensina que, devem cuidar de informar-se oportunamente sobre os juízos ou critérios das autoridades competentes nesta matéria e segui-los segundo as normas da reta consciência. Todavia, para que possam, com maior facilidade, opor-se aos maus conselhos e apoiar plenamente os bons, procurem dirigir e formar a sua consciência com os recursos adequados. Dado que muitos destes meios passaram a criar obras comerciais e de gosto duvidoso, com conteúdos melosos ou sensacionalistas ou com espetacularização dos fatos, que agradam a maioria integrante dos destinatários (da massa). Portanto fazem-se necessários critérios para as escolhas.

Moderação e disciplina no seu uso

Os destinatários, sobretudo os jovens, procurem acostumar-se a ser moderados e disciplinados no uso destes meios; ponham, além disso, empenho em entenderem bem o que ouvem, leem e veem; dialoguem com educadores e peritos na matéria e aprendam a formar um reto juízo, sem tomarem partido de forma precipitada ou mesmo alienada.

Recordem os pais que é seu dever vigiar cuidadosamente para que os espetáculos, as leituras e coisas parecidas que possam ofender a fé ou os bons costumes não entrem no lar e para que os seus filhos não os vejam noutra parte.

Deveres dos realizadores e autores

Importante obrigação moral incumbe, quanto ao bom uso dos meios de comunicação social a todos quantos intervêm na realização e difusão das comunicações, seja em que veículo for.

Lembrem-se sempre de que a maior parte dos leitores e espectadores é composta de jovens necessitados de imprensa e de espetáculos que lhes ofereçam exemplos de moralidade e os estimulem a sentimentos elevados.

Deveres das autoridades civis

Compete às autoridades civis defender e tutelar a verdadeira e justa liberdade de que a sociedade moderna necessita inteiramente para seu proveito, sobretudo no que se refere à imprensa; promover a religião, a cultura e as belas artes; defender os receptores, para que possam gozar livremente dos seus legítimos direitos.

Tenha-se um especial cuidado em proteger os jovens contra a imprensa e os espetáculos que sejam perniciosos para a sua idade.

Os meios de comunicação social e o apostolado

Procurem, de comum acordo, todos os filhos da Igreja que os meios de comunicação social se utilizem, sem demora e com o máximo empenho nas mais variadas formas de apostolado.

Os fiéis leigos que fazem uso dos ditos meios, procurem dar testemunho de Cristo, realizando, em primeiro lugar, as suas próprias tarefas com perícia e espírito apostólico.

Iniciativas dos católicos

Há que fomentar, antes de mais, a boa imprensa. Cuide-se, enfim, de que a nobre e antiga arte cênica, que hoje se propaga amplamente através dos meios de comunicação social, trabalhe a favor dos valores humanos e da ordenação dos costumes dos espectadores.

 

Considerações finais

Apesar de o ser humano utilizar diversas formas de comunicação e comunicar-se incessantemente, os MCS passaram a dominar a comunicação, principalmente pela quantidade de informações que veiculam e pelo tempo em que se fazem presentes na vida das pessoas.

Eles atuam em sociedades que, em graus diferentes, abrem espaço para a participação da maior parte da população.

Além de gerar lucro para suas empresas, os meios de comunicação de massa precisam atrair e manter a atenção dessa gama de receptores, oferecendo informações necessárias para seu dia-a-dia, produtos culturais para seu entretenimento, fantasia para seu imaginário e discussão de ideias.

A TV, conjugando características de outros meios, como a imagem em movimento,o som, o texto jornalístico, a música, a publicidade e a dramaturgia inspirada no teatro ou adaptada da literatura é um veículo-síntese que mistura formas de comunicação diferentes.

Há os que a criticam pelo fato de haver entrado nos lares e ficar no centro do espaço de reunião familiar, influenciar nas decisões e ser utilizada para a imposição de ideias. Mas sabe-se também que o conteúdo transmitido por ela reflete a sociedade em que ela está inserida e seu momento histórico. Sabe-se que a diversão frívola que ela oferece serve somente para distrair um receptor cansado e entediado e pouco acrescenta à sua vida, podendo, ainda, reafirmar preconceitos.

Mas por saber que o receptor é responsável por aquilo que a televisão lhe oferece, uma vez que a audiência determina o que vai ou não ao ar, a Igreja Católica também usa destes meios para sua missão evangelizadora e de instaurar o Reino de Deus, respeitando o livre arbítrio e confiando na reta consciência dos receptores.

Temos, a nível nacional, quatro canais de TV, com uma programação pautada na moral, nos bons costumes e nos valores evangélicos (a Rede Vida, Século XXI, Canção Nova e Tv Aparecida), além de inúmeras emissoras de rádio, jornais, revistas, além de estarmos também na internet.

Por isso a Igreja não condena, nem critica, nem desconsidera os veículos de comunicação de massa, mais prima que o uso dos mesmos seja unicamente para a edificação da pessoa humana em sua essência mais digna de ser humano que é, criado à imagem e semelhança de Deus.

Dentre as várias escolas teóricas de comunicação (Funcionalista, de Frankfurt, Sociológica Europeia, de Marschall McLuhan, Nova Esquerda e Progressista-Evolucionista), encerro essa minha breve colocação com um pensamento do italiano Umberto Eco: “os Meios de Comunicação de Massa ajustam o gosto e a linguagem dos produtos culturais que veiculam às capacidades receptivas da média do público. Seu conteúdo é produzido para agradar ao público, constituindo-se em material de evasão, mas pode também informar e educar.”

É também frente a esta última possibilidade que a Igreja empenha suas forças, seus propósitos, sua esperança!

E ainda, conforme Joana Puntel, “a comunicação, como cultura, é um fenômeno que marca a mudança de época neste início de milênio. Ignorar este fato ou rejeitá-lo poderá trazer consequências irreparáveis.”

Como documentos oficiais da Igreja acerca da temática da Comunicação, cito os três principais:

- Inter Mirifica, que nós hoje conhecemos, ainda que em síntese, de 1963;

- Communio et Progressio, de 1971; e

- Aetatis Novae, de 1992.

Obrigado e que Deus abençoe a todos! Boa noite!



[1] CORAZZA, Helena. In:  Apontamentos Sobre a História do Rádio

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