HOMILIA NO TRÍDUO DE SANTA TEREZINHA

Um coração para amar pra perdoar e sentir, para chorar e sorrir, ao me criar tu me deste, um coração para sonhar, inquieto e sempre a bater, ansioso por entender as consequências do amor.

UM CORAÇÃO PARA AMAR E SERVIR, o coração, ah, o coração! Um filósofo, chamado Blaze Pascal diz-nos que “é o coração e não a razão que percebe a Deus”. Ao falar do coração, Pascal está se referindo “à convicção que nasce na profundeza de nosso ser, que responde a um anseio muito mais profundo que a simples curiosidade intelectual”. Outra frase célebre de Pascal é “o coração tem razões que a própria razão desconhece”, aqui ele estabelece que o coração tem o poder de conhecer certas realidades que a razão não pode demonstrar. Tais realidades não são outras senão as espirituais que bem experimentou Santa Terezinha quando disse, por exemplo, “apanhar um alfinete por amor pode converter uma alma. Que grande mistério! Só Jesus pode dar um valor tão grande às nossas ações. Amemo-Lo, pois, com todas as nossas forças.”

Em Mc 10,45 Jesus nos diz que “O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção de muitos”. E nós como seus seguidores, somos chamados através do nosso testemunho verdadeiro e autêntico a anunciar ao mundo o encontro pessoal que tivemos com o Ele pelo Batismo, encontro esse que redimiu a nossa vida e a transformou, a ponto de nos impulsionar em direção daqueles filhos de Deus que por causa do pecado tiveram a sua imagem filial distorcida. Assim, quando entendermos que amar e servir são partes de um mesmo processo, seremos capazes de agir de modo semelhante para socorrer quem, em algum momento de sua vida, tropeçou e precisa de nossa ajuda para continuar.

Santa Terezinha cantava “minha vocação é o amor”... este amor que não se deve traduzir somente por palavras, mas também e, principalmente pela atitude de servir, dado que para Jesus, nosso Mestre e Senhor, para Santa Terezinha, nosso Amado, o amor que não desembocasse em uma ação concreta de serviço abnegado não mereceria ser chamado por esse nome. Não basta ser religioso. Ser cumpridor dos conselhos estritos da lei tinha o seu valor, mas isoladamente pouco contava para sensibilizar o coração de Deus. Na conhecida parábola do “Bom Samaritano”, foi exatamente isso que Ele procurou ensinar! Nesta Jesus conta que um homem fora assaltado e apanhara muito, sendo deixado semimorto. Dois graduados líderes religiosos passaram por perto, mas nada fizeram. Então passou um samaritano, um pecador comum, que tomou aquele homem moribundo e cuidou de suas feridas; levou-o a um hotel, pagou a conta e, em seguida, disse ao hospedeiro que se mais fosse gasto pagaria quando voltasse. Eis aquele que muito amou servindo! A verdadeira grandeza cristã se expressa essencialmente pela atitude de amar e servir, em várias passagens evangélicas Jesus nos ensina esta grande necessidade.

As exigências apresentadas no evangelho de hoje, em especial, são interpretadas frente ao serviço do Reino, o qual todo cristão deve tender, buscando viver de forma austera e desapegada como verdadeiro discípulo, num contínuo esforço missionário, ainda que através das pequenas coisas, espelhando-nos em Santa Terezinha, nossa amada padroeira!

Santa Terezinha, rogai por nós!